Variações Linguísticas
Existem inúmeras formas de preconceito, mas um
dos talvez mais praticados e menos discutidos é o preconceito linguístico.
Segundo Marcos Bagno, autor do livro “Preconceito Linguístico – o que é, como
se faz.”, esse tipo de preconceito nasce da ideia de que há uma única língua
portuguesa correta, que é a ensinada nas escolas, está presente nos
livros e dicionários e baseia-se na gramática normativa. Apesar de ser muito
importante a existência de uma norma que regulamente a escrita, a torne
homogênea e defina suas regras, a mesma acaba servindo como instrumento de
exclusão social, já que ao não reconhecer a língua como uma unidade viva e
mutável, ela passa a ser utilizada como meio de distinção social daqueles que
têm acesso a educação, e consequentemente, mais poder aquisitivo, e daqueles
que não têm. Além disso, acaba gerando também o preconceito com determinadas
construções linguísticas que variam de acordo com as regiões do país.
Quantas vezes
ouvimos de pessoas próximas frases do tipo “eu não sei português”, “eu não
gosto de português”, “eu falo errado”, “fulano fala tudo errado”, “eu já falo
português, por quê preciso estudar isso?”, entre outras afirmações e
questionamentos que fazem com que nossa língua se pareça com um mistério
insondável? É possível que você, falante da língua portuguesa, possa não saber
nada sobre seu próprio idioma? Ou saber tudo a ponto de não precisar adentrar
nas minúcias gramaticais? Pois bem, quando o poeta gritou para o mundo que
“canta em português errado”, na verdade ele sabia que, às vezes, “falar errado”
deixa o idioma mais, digamos assim, palatável.
Por exemplo,
segundo a gramática, o verbo namorar é transitivo direto, ou seja, ele não
aceita preposição. Mas atire a primeira pedra quem nunca disse que “namora com
alguém”, não é mesmo? Outro exemplo: você diz “eu te amo” ou “amo-te”? A
primeira opção é uma preferência nacional, a menos que você seja um linguista
fanático por gramatiquices que não suporta variações na modalidade oral. Essas
questões nos fazem refletir sobre as variações linguísticas, que são, e devem
ser, admitidas na fala. Dizer que alguém fala o português melhor ou pior do que
alguém só reforça a combatida ideia do preconceito linguístico, tão presente em
nossa cultura.
Muito bom o trabalho, parabéns!
ResponderExcluirParabéns, ótimo trabalho.
ResponderExcluirbelo trabalho parabéns
ResponderExcluirParabéns pelo blog
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